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#3. Templo do Povo

Updated: Apr 2, 2021

Olá seiters, como vocês estão? Espero que muito bem… passaram bem a semana? Muitos surtos e crises? Vamos manter a calma porque de surto já basta o líder dessa seita viu.


Antes de começar o episódio de hoje, não esqueça de me seguir la no instagram @sextadeseitas e curtir as fotinhos que eu posto lá e compartilhar com seus amiguinhos surtadinhos rs


Hoje eu vou contar a história de uma seita dos anos 50 que quase fincou sede no Brasil, mas ficaram lá pelos lados da Guiana mesmo.. Uma seita no qual o líder Jim Jones conseguiu que mais de 900 membros se suicidassem para escaparem de um apocalipse fictício, o Templo do Povo.


Estrada de terra com a placa de entrada do Templo do Povo, Guiana.

O Templo do Povo dos Discípulos de Cristo, conhecido mais popularmente para Templo do Povo, foi um novo movimento religioso de inspiração socialista fundado em 1955 por Jim Jones, em Indianápolis, Indiana, Estados Unidos. Jones usou a igreja para espalhar uma mensagem que combinava elementos do cristianismo com a política socialista, com ênfase na igualdade racial.


O grupo mudou sua sede para São Francisco, Califórnia, na década de 1970 e estabeleceu vários locais de culto em todo o estado. No seu auge, o Templo ostentava 20 mil membros e conexões com figuras políticas da esquerda estadunidense.


Falar sobre o Templo do Povo é falar sobre o Jim Jones, pois a seita girava em torno da sua personalidade e estilo de vida que o reverendo pregava. Por isso nesse episódio eu vou falar dos dois e dos eventos acontecido linearmente, não só focando na seita ou no líder, mas nos dois em paralelo.


Jim Jones, o fundador do Templo do Povo

Quem foi Jim Jones?

Jim Jones nasceu em Creta, uma pequena cidade do Condado de Randolph, no interior do estado de Indiana, Estados Unidos. Ele era filho de James Thurman Jones, um veterano da Primeira Guerra Mundial, e Lynetta Putnam, que acreditava que tinha dado à luz um messias. Ele era descendente de irlandeses e de galeses, o Jim durante toda sua vida alegou que teria ascendência indígena cherokee, por parte da mãe, mas essa informação nunca foi comprovada.

Os pais deles se separaram quando o Jim ainda era criança e então ele se mudou com a mãe e os irmão para Richmond, Indiana. Lá ele concluiu os seus estudos em 1948 e no ano seguinte se casou com Marceline Baldwin, uma enfermeira.


Desde quando o Jim era criança ele sempre se interessou por assuntos místicos e na juventude ele também era um leitor dedicado de obras de contexto social, politico e racial.

Também demonstrou simpatia pelo marxismo e pelas reivindicações dos afro-americanos contra a segregação e a discriminação racial, sintetizadas então na militância do ator Paul Robeson, e na candidatura progressista de Henry A. Wallace à presidência dos Estados Unidos, em 1948.


Nessa época, Jones desenvolveu suas ideias sobre a ação política e também começou a buscar uma expressão destas dentro da religião. Em 1952, tornou-se estudante em um seminário metodista, do qual foi expulso por defender a integração racial, e trabalhou algum tempo junto aos batistas do Sétimo Dia.



Vista area das residencias dos membros da seita.

O Templo dos Povos

Em 1954, Jones criou a sua própria igreja em uma área da cidade racialmente integrada. A seita recebeu vários nomes até adquirir a denominação definitiva de Peoples Temple Christian Church Full Gospel (Templo dos Povos: Igreja Cristã do Evangelho Pleno), em 1959. Jones usou a igreja para espalhar uma mensagem que combinava elementos do cristianismo com a política socialista, com ênfase na igualdade racial. O grupo mudou sua sede para São Francisco, Califórnia, na década de 1970 e estabeleceu vários locais de culto em todo o estado. No seu auge, o Templo ostentava 20 mil membros e conexões com figuras políticas da esquerda estadunidense.


Através do Templo, Jim Jones adquiriu notoriedade e apoio político e da mídia em Indianápolis, contribuindo para pôr fim à segregação racial em departamentos públicos, restaurantes e hospitais. Em 1960, o prefeito democrata Charles Boswell o nomeou como diretor local da comissão de direitos humanos. No entanto, Boswell e Jones acabaram entrando em atrito quando o líder do Templo foi agredido em uma reunião do NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor).


Família Arco-Íris

Jim e Marceline incentivaram a adoção de crianças de raças diferentes pelos membros de sua igreja. Em 1954, começaram eles próprios a sua Família Arco-íris, ao adotar Agnes, uma nativa americana de 11 anos. Nos anos seguintes, os Jones adotaram três órfãos de guerra coreanos, um afro-americano (o primeiro a ser adotado por um casal branco no estado de Indiana, em 1961) e um branco. O casal teve apenas um filho biológico, chamado Stephen Gandhi Jones.


Jim Jones também foi atacado por racistas brancos, que fizeram sucessivas ameaças à sua vida e aos integrantes do Templo, embora seja possível que o próprio Jones tenha manipulado algumas dessas reações em favor de sua pregação político-religiosa.


Em 1962, citando o medo do apocalipse nuclear, tentou mudar a sede para o Brasil, em Belo Horizonte. A aventura não durou muito. Jones não falava português e, não conseguindo arrebanhar discípulos. Voltou para os Estados Unidos em 1963. Desta vez, se instalou na Califórnia, centro da indústria cultural e perfeito lugar para se tornar uma celebridade. Foram abertas filiais do Templo em São Fernando, Los Angeles e São Francisco.


Memorial com as fotos dos membros mortos.

Jonestown

Após denúncias motivadas pela deserção de oito jovens membros da igreja em 1973, o grupo dirigente do Templo se fechou em torno de Jones e sua liderança pessoal. A partir de então, relatos de ex-membros registram planos e simulações de suicídio coletivo. Na metade de 1977, Jones e os membros do Templo do Povo se transferiram para a Guiana, em tese para fundar em Jonestown uma utopia comunista.


Na prática, fugindo de acusações de morte, perseguição, sequestro e abusos psicológicos e sexuais que aos poucos chegavam aos ouvidos da mídia americana. Não muito depois, em agosto de 1977, um artigo dos jornalistas Marshall Kilduff e Phil Tracy que denunciava o Templo seria publicado na revista New West.


A esta altura, era difícil ver qualquer coisa de cristianismo na seita. A megalomania de Jones havia chegado ao ponto em que ele se afirmava a reencarnação de Jesus, Buda e Lenin.


A nova comunidade de Jones foi construída dentro da Floresta Amazônica, com a aprovação do então presidente da Guiana, Forbes Burham. O nome oficial era Projeto Agrícola do Templo do Povo, mas todos conheciam o lugar como Jonestown, um paraíso socialista e santuário para os seus moradores. Foi lar de mais de 900 americanos, 68% deles negros. O lugar era autossuficiente. Havia uma escola, bangalôs e um pavilhão central, além de espaço para que os habitantes cultivassem verduras e legumes. A única forma de contato com o mundo era um rádio de ondas curtas.


Relatos de sobreviventes apontam que Jones promovia um regime ditatorial, com punições severas e presença de guardas armados para evitar fugas. Ali, o pastor começou a propagar a sua ideia de que ele e seus seguidores deveriam morrer juntos para ir a outro plano mais feliz.


Mais de uma vez, foram feitas simulações de suicídio, as chamadas “Noites Brancas”. Onde baldes foram trazidos, as pessoas foram informadas que era veneno e tomaram. Quando o grande dia chegou, muitos dos primeiros na fila imaginaram se tratar de mais uma simulação. Até que os corpos começaram a cair e os gritos de crianças ficaram cadas vez mais altos.


Congressista Leo Ryan que foi morto por membros da seita antes do suicidio em massa

Jones tomou a decisão de acabar com tudo após o governo americano bater em sua porta. Em 1978, o congressista dos Estados Unidos Leo Ryan decidiu ir a Jonestown para investigar acusações de abusos de direitos humanos. Junto a uma delegação, negociou a sua entrada em Jonestown em 17 de novembro.


Durante a visita do congressista, várias pessoas vinham lhe entregar bilhetes com pedidos para serem levados de volta para os EUA pois não aguentavam mais a vida de miséria que era lhes dada. Na tarde seguinte, Ryan e seus parceiros partiram, levando vários membros da seita que decidiram abandoná-la, após muita discussão e acusações internas. Foi atacado por um dos supostos dissidentes no caminho, com uma faca, mas o homem acabou sendo controlado.


O repórter da NBC Don Harris (à esquerda) e o fotógrafo do SF Examiner Greg Robinson (à direita).

Às 17h20, a comitiva toda estava embarcada em dois Cessnas na pista de decolagem próxima ao templo. De dento de um deles, Larry Layton, um membro de alto escalão da seita que havia insistido em acompanhá-los, começou a disparar com uma pistola. O outro avião foi cercado por membros da guarda de Jim Jones, vindos numa carroça puxada por um trator. Dispararam com escopetas, fuzis e pistolas. Antes das 18h, o congressista Ryan e outros quatro jaziam mortos na pista, com mais 11 feridos.


O suicídio da salvação

Uma gravação recuperada pelo FBI mostra os 45 minutos anteriores ao suicídio. Jones diz para os membros do Templo do Povo que a União Soviética não os aceitaria após o assassinato de Ryan.


Em seus últimos dias, Jones havia tentado convencer os soviéticos a aceitar a migração em massa para dos seus fiéis para o território soviético. Também afirmou que organizações do governo apareceriam em Jonestown e torturariam cada um deles, desde crianças a idosos.


Seringas usadas para dar o veneno para os bebês e crianças.

As crianças foram as primeiras a beber o refresco em pó da marca Flavor Aid, sabor uva que continha diluído cianeto e sedativos. Levava cerca de 5 minutos para um adulto tombar, dando tempo para serem posicionados de bruços no terreno em volta, as famílias juntas. Quem tentou fugir, foi morto. Apenas 35 sobreviveram, se escondendo até os guardas tomarem o refresco eles próprios.


Jim Jones não bebeu do seu suco. Seu corpo foi achado em uma cadeira de praia, morto com um tiro na cabeça dado por ele mesmo. No entanto, o filho de Jones Stephan acredita que seu pai pode ter pedido para que alguém atirasse contra ele. Uma autópsia do corpo de Jones também apresentou níveis altos do barbitúrico Pentobarbital que pode ser letal para os seres humanos que não desenvolveram tolerância fisiológica. Jones fazia uso de drogas (como LSD), o que foi confirmado por seu filho, Stephan, e o médico de Jones em São Francisco.

No final da fita recuperada pelo FBI, Jones conclui: “Nós não cometemos suicídio; cometemos um ato de suicídio revolucionário para protestar contra as condições de um mundo desumano”


Tonel com suco que foi usado para ser diluido o veneno e distribuido para os membros da seita.

Resgate dos corpos e consequências.

Um avião do governo da Guiana chegou na manhã seguinte para evacuar os feridos. Novecentos e doze dos 918 mortos, incluindo o próprio Jones, foram coletados pelos militares dos Estados Unidos na Guiana, depois transportados por um avião de carga militar para a Base da Força Aérea de Dover, em Dover, Delaware, local anteriormente usado para o processamento em massa dos mortos do desastre aéreo de Tenerife. A última remessa de corpos chegou cedo na manhã de 27 de novembro de 1978.


Vista aérea dos corpos espalhados pelo terreno.

Em agosto de 2014, os restos cremados, nunca reivindicados, de 9 pessoas de Jonestown foram encontrados em uma antiga casa funerária em Dover. Em setembro de 2014, quatro desses restos mortais haviam sido devolvidos aos parentes mais próximos e os cinco restantes não. Esses cinco foram identificados publicamente na esperança de que as famílias os reivindicassem.


 

E aí gente, vocês já conheciam esse caso? Pra mim esse caso é um dos mais complexos e curiosos de estudar… porque você pensa assim né, como um único homem conseguiu que famílias inteiras largassem as suas vidas para segui-lo nessa nova utopia, esse tipo de coisa não entra na minha cabeça gente. Parece que quanto mais a gente conhece esse tipo de seita mais impressionados ficamos com o controle mental que aquelas pessoas estão passando. È complicado né… pensar que mais de 900 pessoas morreram de uma única só vez por motivos religiosos.


Vou deixar algumas indicações para vocês se quiserem saber mais sobre o Templo do Povo e Jonestown.

Na Netflix tem uma série chamada “Por dentro da mente do Criminoso” e um dos episódios é sobre líderes de seitas.

No Youtube também é fácil de encontrar vários documentários com imagens gravadas em Jonestown, alguns estão legendados, o áudio da fita gravada durante o suicídio em massa também está disponível inteira no youtube… é só fazer uma busquinha que você encontra, mas já deixo logo avisando que o áudio é bem chocante, ao fundo da gravação você consegue ouvir o choro das crianças e das mães quando percebem que seus filhos estão morrendo, já que a morte por envenenamento por cianeto é bem dolorosa e lenta.



Um filme de 1980 chamado Guyana Tragedy: The Story of Jim Jones, no Brasil Jim Jones, o Pastor do Diabo, narra a história da mudança do Templo do Povo para a Guiana e os eventos que acarretaram o suicídio coletivo.


Bom gente, acho que é isso… espero que vocês tenham gostado do episódio, e qualquer duvida ou sugestão podem me mandar um e-mail para sextadeseitas@outlook.com ou uma DM no instagram @sextadeseitas.


Um beijinho e até a próxima!


 

Fontes utilizadas neste episódio:


Imagens:

(Fontes: Divulgação / NBC / Wikipédia)

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