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#4. Caso Escola Base



Olá seiters, bem-vindos a mais um Sexta de Seitas. Eu sou a Shey e hoje eu vou te contar uma história que não é bem de uma seita, e sim de um falso crime que abalou o Brasil em 1994. Eu vou falar sobre o Crime da Escola Base.


Antes de começar o episódio de hoje, não esqueça de me seguir la no instagram @sextadeseitas e curtir as fotinhos que eu posto lá e compartilhar com seus amiguinhos e ah, as fontes usadas estão la na descrição do episódio ok?


Escola Base foi uma escola particular localizada no bairro da Aclimação, no município de São Paulo, no Brasil. Em março de 1994, seus proprietários (o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada), a professora Paula Milhim Alvarenga e o seu esposo e motorista Maurício Monteiro de Alvarenga foram injustamente acusados pela imprensa de abuso sexual contra alguns alunos de quatro anos da escola. Em consequência da revolta da opinião pública, a escola foi obrigada a encerrar suas atividades logo em seguida.


Fachada da Escola Base

O chamado Caso Escola Base envolve o conjunto de acontecimentos ligados a essa acusação, tais como a cobertura parcial por parte da imprensa e a conduta precipitada e muito questionada por parte do delegado de polícia Edélcio Lemos, responsável pelo caso, que, supostamente, teria agido pressionado pela mídia televisionada e pelas manchetes de jornais. O caso foi arquivado pelo promotor Sérgio Peixoto Camargo por falta de provas.


Foi na 6ª Delegacia de Polícia, na zona sul de São Paulo (SP), que a queixa foi prestada contra a Escola de Educação Infantil Base. Ao comparecer à delegacia para obter mais detalhes da acusação, os donos da escola já começaram a sentir o abuso das autoridades.


Paula Milhin, Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada durante entrevista sobre o caso Escola Base

O delegado incumbido da investigação, Edélcio Lemos, enviou os filhos de Lúcia e Cléa ao Instituto Médico Legal e conseguiu um mandado de busca e apreensão ao apartamento onde, supostamente, as crianças eram abusadas.


Quando nada foi encontrado, as mães, indignadas, foram à Rede Globo. Foi a partir daí que o caso da Escola Base explodiu e virou referência. No mesmo dia, o laudo do IML foi analisado pelo delegado. Era inconclusivo, mas dizia que as crianças apresentavam lesões que podiam ser de atos sexuais. Foi o suficiente para o delegado, que deu declarações dúbias à imprensa. Os acusados já eram, aos olhos do povo, culpados antes de qualquer julgamento.


A casa de Mauricio, um dos acusados, foi alvo de depredação pela massa ensandecida

Sem maiores provas, porém, com a cobertura da imprensa junto à conduta precipitada da polícia, o conhecido Caso Escola Base recebeu grande repercussão. Embora nenhuma prova de abuso sexual tenha sido encontrada – apenas a denúncia – a credibilidade da Escola de Educação Infantil Base começou a ruir.


O delegado Edélcio Lemos dando entrevista

Com o tempo, Lemos foi afastado da investigação, e os delegados substitutos ainda encontraram, por denúncia anônima, Richard Herrod Pedicini, um fotógrafo americano que morava nas redondezas da escola e, segundo a denúncia, vendia fotos das crianças molestadas.


A filha de Cléa foi levada ao apartamento do rapaz para fazer reconhecimento e quis brincar com uma abelhinha de pelúcia que estava no chão. Foi o suficiente para que fosse decretada a prisão preventiva do fotógrafo, enquanto a mídia já anunciava seu envolvimento com o caso. “Alunos da Escola Base reconhecem a casa do americano” era o principal assunto das manchetes.



Até esse momento, os suspeitos sequer haviam prestado depoimento à polícia. A pressão da imprensa foi tanta que Richard, um americano que não possuía nenhuma ligação com o caso, foi preso, ainda que tenha sido solto 9 dias depois.


Foi aí que as provas da inocência começaram a aparecer. Quando a prisão preventiva de Saulo e Mara foi decretada, os advogados do casal finalmente tiveram acesso ao laudo do IML e viram o quão inconclusivo era, com a própria mãe de um dos meninos admitindo que ele sofria de constipação intestinal, uma das probabilidades apontadas pelo laudo. A partir daí, apareceram depoimentos de outras pessoas como funcionários do colégio e pais de outros alunos em defesa dos acusados.


Em junho, três meses depois, os suspeitos foram inocentados pelo delegado Gérson de Carvalho, um dos que assumiram a investigação. No entanto, o estrago já estava feito. Os danos psicológicos e morais aos acusados eram enormes, além, é claro, dos materiais. Os inúmeros gastos com o processo deixaram as finanças de todos completamente arruinadas.


A mídia, no geral, sensacionalizava o fato

Os meios de comunicação foram acusados de não retratar a verdade de fato, declarando, apenas, que as investigações foram encerradas por falta de provas, sem necessariamente dizer que os acusados eram inocentes. Diversos processos foram movidos contra o Estado e a mídia. Maria e Icushiro faleceram sem receber todo o dinheiro que lhes era devido, ela de câncer em 2007 e ele de infarto em 2014.


Paula nunca mais conseguiu trabalhar como professora, pois ficou marcada como abusadora de crianças. Ela e o marido, Maurício, se divorciaram em virtude das dívidas e da paranoia incontrolável que o rapaz desenvolveu após o caso. Saulo e Mara, como os outros, também enfrentaram problemas financeiros. Richard, mesmo após a conclusão, passou anos angariando recursos para mostrar que ele era, de fato, inocente.


Icushiro Shimada, um dos proprietários da escola falecido em 2014

O caso da Escola Base se tornou objeto de estudo em diversos campos e cursos como jornalismo, psicologia e direito. A cobertura da imprensa foi completamente parcial e monofônica, com os envolvidos sendo crucificados sem nenhum direito de resposta e apenas a voz do delegado, que se deixou levar pelos holofotes, estava sendo ouvida pelos veículos da mídia.

Toda a história lançou uma luz nos poderes e responsabilidades da imprensa, e a discussão acerca da destruição de reputações se tornou mais séria do que jamais foi. Com o advento da Internet, onde nunca foi tão fácil manchar a imagem de alguém por qualquer coisa, o ocorrido na Escola Base serve como um bom paradigma do que fazer e, principalmente, do que não fazer nesse tipo de situação.


Gente, depois de ouvir sobre esse caso vocês também conseguem entender a responsabilidade da imprensa em como tornar uma história ao publico sem antes já terem “condenado” os envolvidos? Afinal para a justiça todo nós somos inocentes até que provem o contrário.


Ainda mais quando se tratam de crianças, a imaginação de uma criança vai muito além da que de um adulto e a predisposição dela falar aquilo que os pais querem ouvir tem que ser levada em conta. As crianças não falam somente a verdade; elas também mentem, a imaginação delas é sem limites. Infância é tempo de observar, imitar e testar.


Cena do filme A Caça (2012)

Na ficção temos o filme norueguês A Caça (2012), nele podemos ver como a vida de um homem pode ser destruída simplesmente por um boato de acusação de pedofilia ter se espalhado em uma pequena cidade, causando assim um “linchamento” de toda a população contra o acusado.


 

Então foi isso pessoal, espero que vocês tenham gostado do episódio de hoje e consigam tirar uma liçãozinha do que aconteceu.

Se você tem alguma sugestão de tema ou alguma coisinha que queira acrescentar para mim é só mandar um e-mail do sextadeseitas@outlook.com ou mandar uma DM no instagram @sextadeseitas.


Um bom final de semana e até semana que vem… tchau!!

 

Fontes utilizadas:

Imagens:

(Fontes: Divulgação / Canal Ciencias Criminais / Aventuras na História / Documentários Escola Base 20 anos depois / TV Cultura/ Blog Fala Foca)

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